De: Ariovaldo Mario Barros (ariovaldo.@mariohotmail.com)
Até
mesmo o lusófono presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão
Barroso, deve ter tido sérias dificuldades para entender os dois
discursos da presidente Dilma Rousseff proferidos em Bruxelas a
propósito da cúpula União Europeia (UE)-Brasil. Não porque contivessem
algum pensamento profundo ou recorressem a termos técnicos, mas, sim,
porque estavam repletos de frases inacabadas, períodos incompreensíveis e
ideias sem sentido.
Ao falar de improviso para plateias qualificadas, compostas por dirigentes e empresários europeus e brasileiros, Dilma mostrou mais uma vez todo o seu despreparo.
Fosse ela uma funcionária de escalão inferior, teria levado um pito de
sua chefia por expor o País ao ridículo, mas o estrago seria pequeno;
como ela é a presidente, no entanto, o constrangimento é institucional,
pois Dilma é a representante de todos os brasileiros - e não apenas
daqueles que a bajulam e temem adverti-la sobre sua limitadíssima
oratória.
Logo na abertura do discurso na
sede do Conselho da União Europeia, Dilma disse que o Brasil tem
interesse na pronta recuperação da economia europeia, "haja
vista a diversidade e a densidade dos laços comerciais e de
investimentos que existem entre os dois países" - reduzindo a UE à
categoria de "país".
Em seguida, para defender a Zona
Franca de Manaus, contestada pela UE, Dilma caprichou: "A Zona Franca de
Manaus, ela está numa região, ela é o centro dela (da Floresta
Amazônica) porque é a capital da Amazônia (...). Portanto, ela tem um
objetivo, ela evita o desmatamento, que é altamente lucrativo - derrubar
árvores plantadas pela natureza é altamente lucrativo (...)". Assim, graças
a Dilma, os europeus ficaram sabendo que Manaus é a capital da
Amazônia, que a Zona Franca está lá para impedir o desmatamento e que as
árvores são "plantadas pela natureza".
Dilma
continuou a falar da Amazônia e a cometer desatinos gramaticais e
atentados à lógica. "Eu quero destacar que, além de ser a maior floresta
tropical do mundo, a Floresta Amazônica, mas, além disso, ali tem o
maior volume de água doce do planeta, e também é uma região extremamente
atrativa do ponto de vista mineral. Por isso, preservá-la implica,
necessariamente, isso que o governo brasileiro gasta ali. O governo
brasileiro gasta um recurso bastante significativo ali, seja porque
olhamos a importância do que tiramos na Rio+20 de que era possível
crescer, incluir, conservar e proteger." É possível imaginar, diante de
tal amontoado de palavras desconexas, a aflição dos profissionais
responsáveis pela tradução simultânea.
Ao falar da importância da
relação do Brasil com a UE, Dilma disse que "nós vemos como estratégica
essa relação, até por isso fizemos a parceria estratégica". Em
entrevista coletiva no mesmo evento, a presidente declarou que queria
abordar os impasses para um acordo do Mercosul com a UE "de uma forma
mais filosófica" - e, numa frase que faria Kant chorar, disse: "Eu tenho
certeza que nós começamos desde 2000 a buscar essa possibilidade de
apresentarmos as propostas e fazermos um acordo comercial".
Depois,
em discurso a empresários, Dilma divagou, como se grande pensadora
fosse, misturando Monet e Montesquieu - isto é, alhos e bugalhos. "Os
homens não são virtuosos, ou seja, nós não podemos exigir da humanidade
a virtude, porque ela não é virtuosa, mas alguns homens e algumas
mulheres são, e por isso que as instituições têm que ser virtuosas. Se
os homens e as mulheres são falhos, as instituições, nós temos que
construí-las da melhor maneira possível, transformando... aliás isso é
de um outro europeu, Montesquieu. É de um outro europeu muito
importante, junto com Monet."
Há muito mais - tanto, que este espaço não comporta. Movida
pela arrogância dos que acreditam ter mais a ensinar do que a aprender,
Dilma foi a Bruxelas disposta a dar as lições de moral típicas de seu
padrinho, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Acreditando ser uma
estadista congênita, a presidente julgou desnecessário preparar-se
melhor para representar de fato os interesses do Brasil e falou como se
estivesse diante de estudantes primários - um vexame para o País.
Nenhum comentário:
Postar um comentário