Maria Barbara está ansiosa para frequentar as aulas na faculdade (Foto: Mariane Rossi/G1)
Maria Barbara nasceu na cidade Monte Alto, no interior de São Paulo. Ela conta que tinha muita dificuldade para conseguir estudar na época. “Nós morávamos no interior. Era muito difícil. Tinha que tomar trem ou ônibus para ir para a escola. Ficava muito difícil e muito caro. A gente não podia”, diz. Ela seguiu com os estudos até a 4ª série. Depois, mudou-se para Marilia e para Pompeia, onde se casou aos 18 anos. Barbara se dedicou completamente a costura, à culinária e a criação dos filhos.
Hoje em dia, a aposentada mora com um dos filhos e a nora em Santos. Duas vezes por semana, ela frequenta a Casa do Sol, um residencial que atende idosos no Morro da Nova Cintra. Ela assiste filmes, vê apresentações musicais, faz exercícios para a memória e fisioterapia. Lá, ficou sabendo que existiam vagas para a Universidade Aberta à Terceira Idade e resolveu embarcar em uma nova experiência. “Eles comentaram e gostei da ideia. No meu tempo, não existia. As famílias não aceitavam muito que a mulher estudasse”, afirma.
Barbara com o filho Persival e as funcionárias da
Casa do Sol (Foto: Mariane Rossi/G1)
Casa do Sol (Foto: Mariane Rossi/G1)
A gente sai um pouco, distrai, conversa com um e com outro, e vai passando o dia”, comenta.
No cronograma do curso há aulas, palestras e vivências envolvendo temas sobre o Brasil e mundo, artes, saúde, recursos tecnológicos, psicologia, direitos, entre outros. Os alunos também podem participar de aulas nos módulos dos cursos de Graduação e das atividades de Extensão que acontecem no campus da Unifesp, na Baixada Santista.
A psicóloga Renata Mariano Marques vê de perto os benefícios que a universidade da terceira idade traz para os idosos. “O relato deles é de melhora na autoestima, de que se sentem valorizados, de estarem aprendendo, tendo vivência com outras pessoas, tendo contato com assuntos que não estão na rotina. É um conteúdo bem diversificado”, falou. Um funcionário da Casa do Sol sempre acompanha os alunos nas aulas.
Para o filho de Barbara, o aposentado Persival Vicente, de 71 anos, será a oportunidade de a mãe encontrar pessoas da mesma idade dela. “A grande carência do idoso são as pessoas com a mesma ideia e vivência. Inicialmente ela ficou muito nervosa, mas tanto eu quanto a minha esposa falamos que era uma oportunidade única. Ela está contente”, afirmou.
Com dois filhos, seis netos e nove bisnetos, Barbara quer aprender ainda mais. Ela revela que está ansiosa para viver essa nova fase da vida. “Espero aprender mais coisas. Com a minha idade, todo dia eu aprendo mais coisas. Distrair, passar umas horas conversando com as pessoas é muito bom.
Melhor do que ficar sozinho, pensando bobagens. Assim, não tem tempo de pensar, só de aprender. Essa é a minha intenção”, afirmou Barbara.
Aos 91 anos, Maria Barbara entrou na Universidade da Terceira Idade (Foto: Mariane Rossi/G1)
Obs: Uma lição de vida para quem diz
que quer morrer aos 90 da queda
de um cavalo.
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