Por Ricardo Noblat
Lula foi além, ontem à noite, do limite da irresponsabilidade.
Em comício ao lado de Dilma em Itaquera,
distrito da Zona Leste da capital paulista, ele falou mal da imprensa –
até aí nada demais. É direito dele. E nada tem de original.
Mas a certa altura do seu discurso, ele
citou os nomes dos jornalistas Miriam Leitão, do jornal O Globo, e de
William Bonner, apresentador do Jornal Nacional da Rede Globo de
Televisão.
- Daqui para frente é a Miriam Leitão
falando mal da Dilma na televisão, e a gente falando bem dela (Dilma) na
periferia. É o (William) Bonner falando mal dela no “Jornal Nacional”, e
a gente falando bem dela em casa. Agora somos nós contra eles – ameaçou
Lula.
As cerca de cinco mil pessoas reunidas
para escutá-lo foram ao delírio. Mais tarde, no teatro da Universidade
Pontifícia de São Paulo, no bairro de Perdizes, Lula voltou a criticar a
imprensa. E a citar Míriam Leitão e a Rede Globo.
Não dá para afirmar que ele tenha bebido
antes de discursar. Aparentava estar sóbrio. Dilma e líderes do PT que
testemunharam os discursos de Lula sorriram com o que ele disse.
Certamente não pensaram numa coisa – e se pensaram não deram
importância.
A saber: Lula expôs dois jornalistas à ira dos seus seguidores fanáticos.
Nesta reta final de campanha, os ânimos
estão cada vez mais exaltados de um lado e do outro. Se um ex-presidente
da República, popular como Lula, menciona nomes de pessoas e completa
dizendo que “agora somos nós contra eles”…
Quer tenha sido essa sua intenção ou não,
legitima a eventual ação de um desequilibrado que pode atentar contra a
integridade dos jornalistas alvos da insanidade dele.
Por orientação do marketing da campanha
de Dilma, ela e Lula combinaram como deveriam se comportar a poucos dias
do dia da eleição em segundo turno.
Coube a Lula o papel de bater forte nos adversários – e em quem mais ele quisesse. A Dilma, bancar a vítima dos ataques do PSDB.
Dilma bate como um estivador. Quer apanhar como uma criança indefesa.
Lula está à vontade. Desaforo é com ele.
Desacato é com ele. Partir para cima é com ele. Usar palavrões é com
ele. Quanto a Dilma… No papel de coitadinha não convence. Longe disso.
O PT se vale de todas as armas, as
legítimas e as vetadas pelo senso comum, para não perder o poder que
conquistou há 12 anos. Vale, vale tudo. Vale a manipulação de
informações, vale a mentira deslavada, vale a pressão sobre os mais
vulneráveis.
O desejo do PT de se eternizar no poder
começou com o mensalão 1, esquema que pagava propina a deputados
federais. E se afirmou com o mensalão 2 – o esquema de desvio de
recursos da Petrobras para enriquecer políticos e financiar campanhas.
O mensalão 1 garantiu a reeleição de Lula. O mensalão 2 parece capaz de garantir a reeleição de Dilma.
Até hoje, o PT, Lula e Dilma não admitem
que corromperam a política mais do que ela já fora corrompida. Isso
significa que se ganharem a eleição do próximo domingo continuarão
agindo como de hábito.
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