Enquanto
o governo aposta na tentativa de isolamento do líder do PMDB na Câmara,
Eduardo Cunha, para tentar esvaziar a crise no relacionamento com o
partido, o deputado segue aumentando o calor da divergência, mandando
seus avisos pelo Twitter. Cunha está fora do Brasil, mas avisou hoje,
logo cedo, que “O número de insatisfeitos na bancada do PMDB aumenta a
cada dia e parece que vai aumentar mais com essas agressões descabidas”,
numa referência às críticas que teria sofrido do presidente nacional do
PT, Rui Falcão.
“Se alguns não querem
se dar ao respeito para serem respeitados, não peçam reciprocidade”,
acrescentou e voltou a afirmar que, em algum momento, o PMDB vai
precisar decidir se quer manter ou não a aliança com o PT.
O
quadro impõe alguns desafios para o governo federal. Existe uma
avaliação feita pelo marqueteiro João Santana de que Dilma sempre
melhora sua avaliação quando se fecha para pressões políticas. Por outro
lado, deputados federais como Cunha representam a ponta das campanhas
em seus Estados. São esses políticos que têm o contato mais direto com
os eleitores e, que sem dúvida, ajudam às campanhas nacionais a ganharem
capilaridade. É importante lembrar que Cunha, por exemplo, teve 150 mil
votos para se eleger deputado federal pelo Rio. Obteve mais votos que
um parlamentar pop como o ex-jogador Romário, por exemplo. E tem uma
enorme capacidade de irradiar liderança, especialmente sobre o baixo
clero do Congresso, que se sente sempre excluído das atenções do governo
federal.
Por isso, quando resolve
isolar Eduardo Cunha, o governo vai precisar, necessariamente, olhar na
direção desses parlamentares que hoje sentem representados por ele. A
grande queixa desse grupo hoje é que o governo federal dá atenção aos
líderes das bancadas e a maioria mal consegue ser recebida por ministros
e outras autoridades.
O governo tem
imensas chances de manter intacta sua aliança institucional com o PMDB e
outros partidos aliados fechando acordo com seus dirigentes. Mas com o
péssimo clima no relacionamento, difícil será fazer com que seus
integrantes peçam votos a seus eleitores quando a campanha começar de
verdade. (Estadão)
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