Editorial do JP
Na busca de uma imagem menos violentada, o
Maranhão precisará reescrever sua história. O Palácio dos Leões, a cada
um destes tantos anos, redistribuiu-se em palacete da desonra nos quais
quase todas as obras eram primas da desonestidade. Aqui, o dinheiro do
contribuinte desceu por muitos bueiros, mas se grudou em apenas alguns
poucos bolsos e gravatas.
A confusão entre o patrimônio público e o
privado afastou investidores, engessou empreendedores tolhidos pela
bandalheira das comissões (de 20 a 30 %) cobradas a cada gesto
governamental. A cinquentenária sangria dos cofres públicos pagou
eleições e distribuiu miséria, seccionou a educação e desaparelhou o
Sistema de Segurança Pública.
Investimentos bilionários, como o da
Refinaria Premium, viraram pó de mico, porque governar se tornou uma
tarefa restrita a apaniguados e descendentes eleitorais. O estímulo à
improbidade pagou estradas vicinais que nunca existiram, sentenciou o
homem do campo a êxodos recorrentes, até que a fuga desatinada dos
trabalhadores fez do Maranhão o maior exportador de mão de obra escrava
do Brasil.
A estimulada e também cinquentenária
apropriação de recursos públicos fez-se chaga cultural na carne de um
povo vencido pelo analfabetismo e os dividendos dos mais paupérrimos
municípios do Estado foram confiscados pela agiotagem, ao explodir de
uma devastadora bomba ideológica confeccionada com o urânio da
corrupção.
Sabe-se, agora, que gravações da Polícia
Federal confirmam o pagamento de vultosa propina aos plutões de um
governo encastelados nos palacetes da desonra. O que o povo do Maranhão
pagou em pobreza e futuro, em atraso e dignidade, por esse
cinquentenário comportamento ilícito, é simplesmente incalculável. A
sociedade indefesa, castigada, e o script político foi o mesmo durante
todo esse tempo.
É esse o ultrapassar de todos os limites
da decência pública, a desordem oficial, a baderna democrática, a
ilicitude administrativa paga com propinas à luz da lua e à luz do sol.
Tal regime político, entretanto, caiu,
esboroou e, felizmente, uma das finalidades do novo governo é demolir os
palacetes da desonra, por fim à República das Lagostas e devolver ao
povo o Estado do Maranhão.
Há uma gente lá fora esperando por água
potável, pela revitalização do Italuís incluso nessa hemorragia de
gorjetas astronômicas, por um mínimo de segurança e, principalmente, de
decência e competência governamental.
Enterrar esse passado é a tarefa primeira
dos homens probos, de todos aqueles que se exauriram nesta luta, de
toda a sociedade fatigada da gula financeira dos governantes do
Maranhão. Tomar as pás e picaretas às mãos e demolir os palacetes da
desonra é uma tarefa de todos os poderes e, particularmente, de cada um
de nós.
Fonte: Blog do John Cutrim
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