Quem
anda pelas ruas da cidade de Codó, distante 291 quilômetros da capital
do Maranhão, São Luís, encontra algumas lojas especializadas em produtos
esotéricos. Dificilmente, entretanto, irá perceber que em uma delas
atende o pai-de-santo mais famoso entre empresários e políticos: Wilson
Nonato de Souza, o Bita do Barão, com idade estimada entre 90 e 105 anos
de vida – até hoje, nem ele revela, nem se sabe ao certo quantos anos
de fato tem.
Bita do Barão em seu ‘escritório’ no centro de Codó
Partidário
das chamadas “ciências ocultas”, Bita é tido como um sujeito simples e
tem relação com o terecô, religião de origem africana costumeiramente
associada à região de Codó. Ele atende em um escritório no centro da
cidade, próximo ao mercado e em frente a um hotel de sua propriedade,
enfeitado com imagens dele com a família Sarney e com dois certificados
de santidade, um deles assinado pelo hoje santo João Paulo II e outro
por Bento XVI.
Discreto, Bita não revela quem o procura ou o
procurou para pedir ajuda espiritual. Dizem que é segredo de Estado,
embora os mais próximos afirmem que ele seria o pai-de-santo oficial da
família Sarney e de alguns correligionários, como o senador João Alberto
(PMDB-MA). Uma das lendas que o cercam diz que, em 1985, os tambores de
Codó orquestrados por Bita teriam soado durante sete dias antes do
falecimento de Tancredo Neves, possibilitando a posse do hoje senador
José Sarney na Presidência. Os dois lados, naturalmente, negam qualquer
relação entre os episódios. Mas a proximidade de Bita com a família
Sarney lhe rendeu até uma condecoração, em 1988, como comendador da
República Federativa do Brasil.
Quem trabalha no terreiro
comandado por Bita conta que João Alberto está entre os que prestam uma
visita de cortesia ao pai-de-santo semanalmente. E que, somente em 2014,
a família Sarney teria tido pelo menos quatro encontros com ele. Um
deles, supostamente, teria ocorrido na sede do governo do Estado, o
Palácio dos Leões. Outro que já foi visto em dias de festa é o ministro
de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB).
As garrafadas de Bita do Barão, pai de santo preferido de José Sarney
Este
ano, por exemplo, Bita aconselhou Roseana a deixar a política de lado e
cuidar um pouco mais da saúde, dos filhos e dos netos. Coincidência ou
não, a governadora maranhense, mesmo contra a vontade do pai, não
disputará o Senado e pode encerrar a carreira no final do ano. Se bem
que Bita não acredita muito nessa tese. “Ela tem a política nas veias”,
diz o pai-de-santo, que, apesar dessa relação próxima com políticos, se
classifica como um homem avesso ao processo partidário. “Eu não gosto da
política. Eu nem sempre saiu (sic) para votar.”
A consulta com
Bita do Barão custa R$ 400. Às quartas-feiras, ele presta serviços
comunitários e atende pessoas carentes gratuitamente. Gente como a dona
de casa Luana Rodrigues Alvarenga, que dizia sofrer de fortes dores no
corpo até conhecer Bita do Barão. Ela também procurou o médium João de
Deus, que atende na cidade de Abadiânia, a 78 quilômetros do Distrito
Federal, antes de se consultar com Bita. Segundo Luana, as dores foram
embora apenas após os trabalhos de Bita. “Acho que não era o caso de uma
operação espiritual. Por isso o Bita deu mais certo”, relata. Ainda na
lista de ações do umbandista, estão situações como a oração pela Seleção
Brasileira na Copa de 2002 e milagres concedidos a empresários.
Sua
casa de artigos esotéricos vende um pouco de tudo: velas e garrafas com
os chamados “banhos” (uma espécie de remédio espiritual) para várias
situações na vida, desde melhor a situação financeira até trazer a
pessoa amada. Para este último caso, ele indica uma poção infalível:
“corre atrás de mim”.
Fonte: Portal iG / Auto: Wilson Lima